Grupos étnico-raciais do Brasil
A população atual do Brasil é muito diversa, tendo participação de sua formação diversos povos e etnias. De forma geral, a população brasileira foi formada por cinco grandes ondas migratórias:
Acredita-se que o Continente Americano foi povoado por três ondas migratórias vindas do Norte da Ásia. Os indígenas brasileiros são, provavelmente, descendentes da primeira leva de imigrantes, que chegou á região por volta de 9.000 a.C. Os principais grupos indígenas de acordo com sua origem linguística, eram o tupi-guarani, jê ou tapuia, aruaque ou maipuré e caraíba ou caribes.
A imigração européia no Brasil iniciou-se no século XVI, sendo dominada pelos portugueses. Nos primeiros dois séculos de colonização veio para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma media anual de 500 imigrantes. No século seguinte vieram 600 mil, em media anual dez mil colonos.
Os portugueses foram o único grupo étnico a se espalhar por todo o Brasil, principalmente graças á ação dos bandeirantes ao desbravarem o interior do país no século XVIII.
A população indígena original do Brasil (entre 3-5 milhões) foi em grande parte exterminada ou assimilada pela população portuguesa. Os mamelucos (ou caboclos, mestiços de branco com índio) se multiplicavam às centenas pela colônia. Outro elemento formador do povo brasileiro chegou à forma de escravo.
O grande fluxo imigratório em direção ao Brasil foi efetuado no século XIX e inicio do século XX. Para se ter uma idéia do impacto imigratório nesse período, entre 1870 e 1930, entraram no Brasil um número superior a cinco milhões de imigrantes.
De acordo com o Memorial do Imigrante, entre 1870 e 1953, entraram no Brasil cerca de 5,5 milhões de imigrantes, sendo os italianos (1.550.000), portugueses (1.470.000), espanhóis (650.000), alemães (210.000), japoneses (190.000), poloneses (120.000) e 650.000 de diversas outras nacionalidades.
Atualmente, o IBGE utiliza para fins censitários cinco categorias no Brasil, baseado na raça e cor da pele: branco, índio, preto, pardo, e amarelo.
Miscigenação e genes
Poucos países no mundo tiveram a rica intenção de diferentes "raças" e etnias como ocorreu no Brasil. Desde a chegada dos primeiros colonos portugueses assisti-se á miscigenação em massa com os índios. Décadas depois, com a chegada de escravos negros, formou-se uma população trí-híbrida.
Os portugueses já trouxeram para o Brasil séculos de integração genética e cultural de povos europeus, como os celtas e os lusitanos.
A tentativa do governo brasileiro em "branquear" a população marcou o século XIX. O governo libertou os descendentes de africanos, mas não deu assistência social aos ex-escravos, que foram abandonados à própria sorte. O escravo seria substituído pelo imigrante europeu: entre 1870 e 1953, entraram no Brasil cerca de 5,5 milhões de imigrantes, dentre os quais havia uma maioria de italianos, os preferidos do governo, por serem brancos e latinos.
O governo brasileiro ambicionava que os imigrantes se casassem com mestiços e negros para diminuir a raça negra na população brasileira.
A entrada em massa de imigrantes europeus no Sul e Sudeste do Brasil mudou relativamente à demografia do País. Em poucas décadas verificou-se que a população de origem "negra e mestiça" foi superada pela população "branca". O casamento entre imigrantes europeus e brasileiros apenas alterou o fenótipo. Geneticamente, a população brasileira continua mestiça.
Nos censos, a maioria da população brasileira continua a classificar-se como branca como preta (6,3%). Fato é que, geneticamente, o Brasil possui uma população cujas origens são africanas, européias e indígenas, e não "branca", nem "negra", nem "parda" como diz o censo: 86% dos brasileiros teriam mais de 10% de genes africanos, sendo que a herança européia é dominante. Ou seja, apenas 14% dos brasileiros seriam geneticamente brancos, número bem inferior aos quase 50% dos censos do IBGE. A motivação de grande parte dos brasileiros em classificarem-se como brancos no censo é fruto de um racismo velado enraizado na cultura do País, onde é imposto pela mídia um padrão de belezas caucasiano.
A herança européia é a dominante, por volta de80% da população (chegando a 90% na região sul do país).
Os brancos autodeclarados compõem cerca de 50%da mesma, somando cerca de 93 milhões de indivíduos. Estão espalhados por todo o território brasileiro, embora a maior concentração esteja no Sul e Sudeste do Brasil. Consideram-se branco os descentes diretos ou predominantes de europeus e de outros povos de cor branca.
Uma pesquisa realizada com mais de 34 milhões de brasileiros, dos quais quase vinte milhões se declaram brancos, perguntou a origem étnica dos participantes de cor ou raça branca. A maioria apontou origem brasileira (45,53%). 15,72% apontaram origem italiana, 14,50% portuguesa, 6,42% espanhola, 5,51% alemã e 12,32% outras origens, que incluem africana, indígena, judaica e árabe.
É notório, porém, que quase metade dos brancos pesquisados declara ser de origem brasileira. Se considerar os brancos que se afirmaram de origem brasileira como descendentes remotos de portugueses, 60,03% da população branca do Brasil são de origem portuguesa.
Apenas 4,80% dos brancos brasileiros pesquisados afirmaram ter antepassados indígenas, enquanto somente 1,88% declaram ter antepassados negros africanos.
Através de um importante mapeamento genético, chegou-se a conclusão que o brasileiro de cor branca é descendente quase que exclusivamente de europeus do lado paterno (90%). Já no lado materno, apresenta uma intensa miscigenação: 33% de linhagens ameríndias, 28% de africanas e 395 de européias. Isso é explicado historicamente: no início da colonização, os colonos portugueses não trouxeram suas mulheres, o que acarretou no relacionamento entre homens portugueses com mulheres indígenas e, mais tarde com as africanas. Em outras palavras, a maior parte dos brancos do Brasil tem 90% de suas linhagens paternas provenientes de homens da Europa, enquanto 60% de suas linhagens maternas eram indígenas ou africanas.
A herança européia é a dominante, por volta de 80% do patrimônio genético da população (chegando a 90% na região sul do país).
Os índios autodeclarados compõem 0,4%da população brasileira, somando cerca de 520 mil indivíduos. Populações indígenas podem ser encontradas por todo o território brasileiro, embora mais da metade esteja concentrada na Região amazônica do Norte e Centro-Oeste.
Recentes estudos genéticos comprovaram que muitos brasileiros possuem ascendência de povos indígena extintos há séculos. Os brasileiros que carregam esta carga genética de forma majoritária são predominantes no Norte do Brasil.
Quando os primeiros portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, a população indígena girava em torno de três a cinco milhões de indivíduos. Na metade do século XIX, os índios não passavam de 100 mil pessoas e o final do século XX eram cerca de 300 mil. O desaparecimento da população nativa brasileira se deve principalmente a quatro fatores: a dizimação promovida pelos colonizadores, às doenças e européias que se espalharam como epidemias, a miscigenação racial e, principalmente, a perda dos valores e da identidade indígenas ao longo dos séculos.
Os negros autodeclarados compõem 6,3% da população brasileira, somando cerca de 11 milhões de indivíduos. Estão espalhados por todo o território brasileiro, embora a maior proporcionalidade esteja no Nordeste.
A escravidão no Brasil durou cerca de 350 anos e trouxe para o país cerca de quatro milhões de africanos 37% de todos os escravos trazidos às Américas.
Segundo a definição do IBGE, pardos são pessoas que se declararam mulatas, caboclas, cafuzas, mamelucas, ou mestiças de negro com pessoa de outra raça. Para efeitos estatísticos, pardos são considerados negros pelo governo. No censo de 2005, 43,2% da população nacional se auto-declaram como sendo parda.
Ao contrario do que muitos pensam o termo pardo não foi criado censitariamente como uma categoria de cunho "étnico-racial" distinto ou como sinônimo de miscigenados: o termo passou a ser utilizado no ano de 1872, com intuito único de contabilizar de forma separada os negros (não importando se pretos ou miscigenados) ainda cativos, e os negros (não importando se pretos ou miscigenados) nascido livres ou forros.
Os amarelos autodeclarados compõem 0,5% da população brasileira, somando cerca de um milhão de indivíduos. Estão concentrados em dois estados brasileiros: São Paulo e Paraná, embora populações menores estejam espalhadas por todo o território brasileiro. Consideram-se amarelos todos os descendentes de povos asiáticos.
Grupos Étnico-raciais por regiões
Na região Sul do Brasil predomina o elemento europeu a começar pelos colonizadores açorianos, acrescidos por grandes levas de imigrantes alemães, italianos e do leste europeu. O elemento indígena também se fez minoritariamente presente no Sul, sendo convertido ao cristianismo por missões jesuítas.
Na região Sudeste do Brasil também predomina o elemento europeu a iniciar por portugueses, acrescidos principalmente de imigrantes italianos, espanhóis e alemães os elementos africanos e indígenas também se fizeram bastante presente, e no estado de São Paulo o elemento asiático, composto, sobretudo por japoneses e árabes, é significativo.
Na região Nordeste do Brasil, predominam os elementos africanos e europeus (principalmente descendentes de portugueses).
Na região Norte do Brasil predomina o elemento indígena, miscigenado a brancos e de pouca influencia negra.
Movimentos populacionais
Toda migração populacional é sempre determinada por um conjunto de fatores de repulsão na área de origem e por outro conjunto de fatores de atração na área de destino.
Esses movimentos populacionais podem ser classificados em dois tipos: as migrações
As migrações externas são as que ocorrem quando se atravessam fronteiras internacionais; compreendem a emigração (saída do país) e a imigração (entrada em outro país). Já as migrações internas compreendem os movimentos populacionais que ocorrem dentro de um novo país.
No Brasil, a política migratória externa pode ser dividida em duas fases: a primeira, de estímulo à imigração, principalmente após a abolição da escravatura, em 1888, visando à substituição da mão-de-obra escrava na lavoura cafeeira; a segunda, de controle à imigração a partir de 1934, no governo Vargas, devido à crise econômica internacional da década de 1930.
O fluxo de imigrantes para o Brasil pode ser dividido em três períodos principais.
O primeiro (de 1808 a 1850) foi marcado pela chegada da família real, em 1808.
O segundo período (de 1850 a 1930) foi marcado pela proibição do mercado de escravos. Em 1888, com a abolição da escravidão, estimularam-se ainda mais o fluxo imigratório, tendo o Brasil recebido, nessa época, praticamente 80% dos imigrantes entrados no país.
O terceiro período (de 1930 até os dias de hoje) é caracterizado por uma sensível redução na imigração, devido, inicialmente, á crise econômica de 1929, ocasionada pela quebra da bolsa de Nova Iorque, com o conseqüente abalo da cafeicultura brasileira. A criação de uma lei sobre imigração, através da constituição de 1934. Essa lei restringia a entrada de imigrantes, estipulando que, anualmente não poderia entrar no país mais do que 2% do total de imigrantes de cada nacionalidade entrados nos últimos 50 anos. Determinava ainda que 805 dos imigrantes devessem dedicar-se à agricultura.
O envolvimento da Europa na segunda guerra mundial também reduziu a emigração, e a recuperação econômica daquele continente, após a guerra, levou os europeus a emigrarem para outros países do próprio continente.
Intensificarem-se, nesse período, as imigrações internas. Mineiros e nordestinos, principalmente, dirigiram-se para o centro-sul do país, em virtude de crescimento urbano e industrial.
Os portugueses representam o maior contingente de imigrantes encontrados no Brasil. Calcula-se que devam viver atualmente, no país, 213.203 portugueses, concentrados nos grandes centros urbanos, com destaque especial para o Rio de Janeiros e São Paulo.
Os primeiros italianos chegaram ao Brasil em 1875, estabelecendo-se no Rio Grande do Sul, na região serrana e também em Santa Catarina, onde o clima era mais ameno, se assemelhado um pouco com as regiões de onde vieram especialmente do vêneto norte italiano, de onde provinha a maior parte das famílias imigrantes. Logo após essa época, tornou-se o maior pólo receptor de italianos, que inicialmente se encaminharam para as zonas cafeiculturas do interior.
Depois dos portugueses e italianos, e o terceiro maior contingente imigratório do Brasil. Fixando-se principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas gerais e Rio Grande do Sul, iniciaram suas atividades em fazendas, mas acabaram por migrar para as cidades.
As primeiras levas de imigrantes alemães chegaram em 1824 e, desde então, deram preferências à região Sul do Brasil.
A imigração japonesa teve início em 1908, quando aportou no Brasil o navio Kasato Maru, com 165 famílias a bordo. Estabeleceram-se inicialmente no estado de São Paulo e depois no Pará, onde se desenvolve importante núcleo produtor de pimenta- do - reino (Tomé-Açu).
Atualmente, estima-se em mais de um milhão e 200 mil os japoneses e japoneses e seus descendentes até a quarta geração vivendo no Brasil.
Outros grupos imigrantes
Entre os do leste europeu, o maior destaque numérico cabe aos poloneses e ucranianos, que se fixaram, em sua maioria, no Paraná, dedicando-se à agricultura e pecuária.
Os sírio-libaneses (árabes) distribuem-se por todo o território nacional, dedicando-se a atividades predominantes urbanas, como o comercio e a indústria.
Os judeus, sobretudo de origem alemã e eslava, vieram para o Brasil principalmente às vésperas e durante a Segunda Guerra Mundial dirigindo-se para o Sul e o Sudeste.
O Brasil passou a receber, durante os anos 1970, um expressivo número de sul-americanos, principalmente paraguaios, bolivianos, uruguaios, argentinos e chilenos. Nos anos 1980, o fluxo maior passou a ser de coreanos e chineses, sobretudo de Formosa, mas estes, como os latino-americanos, vivem em boa parte clandestinamente.
Atualmente, o ciclo migratório têm-se investido, e o Brasil, que sempre recebeu imigrante, passou a partir da década de 1980 do século XX por uma fase de surto emigratório. As diversas crises socioeconômicas do país têm levado parcelas da população a procurarem saídas no exterior, especialmente nos Estados Unidos, e na Europa.
Migração interna
Cerca de um terço dos brasileiros não vive onde nasceu. As migrações internas respondem por boa parte desde terço, e classificam-se basicamente em duas categorias: deslocamento do campo para a cidade, o chamado (êxodo rural)-causado frequentemente pela falta de oportunidades de trabalho e serviços no campo e pela concentração fundiária- e migrações regionais, das quais os exemplos mais importantes foram:
- O ciclo da mineração, em Minas Gerais, nos meados do século XVIII, que provocou um deslocamento da população litorânea para o interior do país.
O fluxo de escravos do nordeste para as plantações de café de São Paulo e do Rio de Janeiro, em fins do século XIX;
O ciclo da borracha, na Amazônia, em fins do século XIX para o inicio do século XX, que atraiu muitas pessoas, especialmente do no nordeste;
A construção de Brasília, que deslocou mão-de-obra principalmente do Norte.
O desenvolvimento industrial, dos anos 1950 em diante, na região Sudeste (principalmente São Paulo e Rio de Janeiro), que deslocou principalmente nordestino.
Recente as migração regionais mais importantes ainda são a de nordestinos para as regiões Sudeste e Sul, em busca de trabalho nos setores industrial, comercial e de serviços; ocorre, também, no Centro-Oeste e Norte, um fluxo de famílias ligadas ao meio rural, vindas principalmente da região Sul, graças à expansão da fronteira agrícola.
A partir da década de 1980, os fluxos intra-regionais e até intra-estaduais tornaram-se mais significativos, especialmente na região Nordeste, com a consolidação de varias metrópoles ao redor das capitais de cada estado nordestino. Por conta do Brasil já ser um país essencialmente urbano, os fluxos migratórios encontram-se em menor dimensão de décadas passadas, e concentram-se mais na ocupação de espaços com maior dinamismo (em geral cidades médias do interior e algumas capitais, além da fronteira agrícola). Ações sociais como a Fome Zero e a Bolsa Família também reduzem os fluxos migratórios, ao responder mais rapidamente situações de calamidade pública especialmente em função da seca, que intensificam os fluxos no passado.
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